28 de abril de 2010

Encantamento


Dia de sol, dia de luta
O beija-flor começa sua jornada
De jardim em jardim, de flor em flor
Busca o néctar, elemento vital
Fonte de sua energia, razão de sua existência
Sua beleza confunde-se com a das flores
Suas primorosas cores encantam a paisagem
Seu bater de asas é tão frenético e arrebatador
Quanto às batidas de seu pequeno coração
Sua vida é um turbilhão de energia
A pequena ave sabe que seu destino é incessante
A indolência é algo que ele não conhece
Seu único propósito é lutar
Lutar para vencer, lutar para sobreviver
Sabe, porém, que nunca está só
O sol é seu guia
As flores, seu alento
A árvore, sua morada
E assim, o beija-flor retribui com sua graça e beleza
Mostrando-nos muitos caminhos
Ensinando-nos que a vida é lutar e encantar

23 de abril de 2010

Reviver


Depois de tanto caminhar, parei um pouco para descansar. Foram dias e dias de caminhada e finalmente, após incessante busca, encontrei um bom lugar para meu tão sonhado remanso.
Sentado à beira de um riacho; renovei minhas forças, saciando minha sede em suas límpidas águas. Um pouco mais à frente, uma frondosa árvore convidava-me para um merecido repouso.
A velha mangueira, certamente mais antiga que minha breve existência, era testemunha de muitos anos passados e tantos acontecimentos.
Comecei a observar a paisagem que revelava-me muito mais do que se pode imaginar. As folhas da mangueira caíam sobre o gramado, formando um imenso tapete verde.
Percebi que esse acontecimento pouco tempo duraria e que deveria aproveitá-lo enquanto durasse. Logo chegaria a ventania e tudo seria desfeito. Por mais que outras folhas caíssem, o cenário não seria o mesmo.
Os pássaros que se empoleiravam nos galhos da árvore, buscando o alimento nos frutos que ali brotavam, também eram sinal de uma existência ímpar. Talvez se, amanhã ao mesmo lugar voltasse, não encontraria os mesmos pássaros. E, possivelmente, os frutos não mais existiriam.
E assim, divagando sobre a vida, adormeci. Por horas a fio, sonhei profundamente. Em meus sonhos, imaginei um mundo em que tudo era eterno e que nada seria modificado pelo tempo.
Seríamos sempre felizes, e a natureza seria plena e absolutamente intocável. As árvores sempre belas, os pássaros sempre a cantar, as águas sempre limpas e claras, o sol com o mesmo fulgor.
Sabia que estava sonhando, mas teimava em não acordar. Queria ficar em meu novo mundo, cercado de sonhos e fantasias.
Mas como tudo tem seu tempo; acordei em meio a uma revoada de pássaros, que faziam algazarra nas águas do riacho à minha frente. Voltei à realidade.
Lembrei-me do sonho que tive. Ao mesmo tempo que lamentava não poder desfrutar da plenitude de uma vida perfeita, percebi que a excelência dessa mesma vida está sua imperfeição.
Cada um de nós necessita conviver com o incerto, e com a renovação dos caminhos. Porém, é importante que desfrutemos do momento presente, pois nunca se sabe se esse instante será revivido.
Como as folhas que o vento levou...

18 de abril de 2010

Varinha de condão


Vida mágica, fantasia ou realidade?
Vontade de vencer, mania de lutar
Esperar o inesperado, combater o imaginário
Alcançar o inalcançável, vencer o impossível
Colorir as nuvens; azul, amarelo, verde...
Qual é a cor verdadeira?
Compor a melodia dos pássaros; violino, piano, flauta...
Qual é o som legítimo?
Fazer esculturas de vento; pequenas, grandes, gigantescas
O vento é intocável.
A vida é real; a coragem, nosso escudo
O mundo nos mostra o caminho; a alma, nossos sonhos
Cada experiência pode ter vários destinos
Tudo o que parece imutável pode ser celeiro de recomeços
Podemos criar uma existência alternativa
Podemos fazer da vida um palco de novas ações
O mais importante é criar... criar sempre
É fazer do desejo, a nossa varinha de condão
Realizar o que se quer, saber onde se quer chegar
Um desatino consciente, em um mundo de fábulas
Viver é inevitável a todos
Sonhar é dádiva dos que acreditam na vida

12 de abril de 2010

O infinito possível


Em longínquas águas, refugia-se a solitária ilha
Por mares bravios cercada, o céu é a sua companhia
As gaivotas são as únicas testemunhas de sua existência
Noites frias, dias ensolarados, tempos chuvosos
A vida segue seu rumo
As ondas, incessantemente, banham suas margens
São novas águas que chegam a cada dia
Como se quisessem fazer um agrado, mas em vão
A terra continua a mesma
O isolamento parece ser sua sina
Porém, nem tudo o que parece é definitivo
A ilha não é somente um pedaço de terra cercado de água
É apenas a parte visível que podemos enxergar
O que não conseguimos avistar, mostra-se impassivelmente submerso
Sua essência é de grande magnitude
A ilha é tão somente o cume de uma grandiosa montanha
Que a tantas outras iguais, une-se através do solo marinho
Forma-se uma imensa cadeia rochosa
O insípido solo muda, então, seu destino
Outrora, uma terra reclusa; hoje, agrupamento de forças
Nenhuma ilha é isolada, nenhum homem é só
A vida é muito mais: a ilha, agora, é montanha
O homem é o infinito possível

8 de abril de 2010

Em busca do sucesso


Imponente, do alto da grande montanha, a águia observa sua presa. Como se fosse um radar, a bela ave mira o alvo e parte então em busca de seu objetivo.
À grande velocidade e investida em seu alvo, ela segue firme buscando a caça. A presa percebe sua presença e tenta escapar, mas em vão.
A determinação e a coragem tornam-se essenciais nesse momento. A águia sabe que, se bem executada, sua investida será positiva.
A presa, afinal, é capturada. Foi um lance conquistado com afinco e maestria. Muitos anos de preparação e estudo foram a base para uma sequência de êxitos. Em sua vida, nem todas as incursões foram positivas.
A experiência adquirida e a perseverança fizeram com que seus resultados progredissem a cada tentativa.
Hoje, a serenidade e a sabedoria trouxeram-lhe a maturidade. A águia sabe exatamente como agir, nos momentos e condições exatas.
Façamos como a águia: deixemos que o decorrer do tempo traga-nos sua astúcia e paciência. O sucesso será inevitável.

1 de abril de 2010

Caminho de luz


Andei por tantos caminhos sem enxergar o horizonte
Infinitos passos em busca de luz
Quanta sede... e não havia água
Quanta fome... e não havia pão
Quanto frio... e não havia cobertor
Quanto cansaço... e não havia pousada
Mesmo cansado, sentindo frio, faminto e sedento; prossegui
Por saber que nada é eterno e tudo é possível, insisti
Percebi que não existe fim, e sim, vários começos
Olhei para o alto, respirei fundo e segui a luz do meu pensamento
Os caminhos se abriram e as oportunidades apareceram
Segui a nova estrada, onde de tudo pude desfrutar
A água, que aliviou minha sede
O pão, que matou minha fome
O cobertor, que a mim aqueceu
A pousada que, enfim, me abrigou
Percebi que me encontrava em um caminho de luz
O horizonte, afinal, consegui avistar