29 de agosto de 2011

Uma estrela no céu



Uma homenagem à avó de minha querida esposa Márcia e toda a sua família.

Há exatamente 100 anos, surgiu uma estrela; nascia Carolina Veronezi Mingarino. Seus pais, Vitório e Leonella vieram da Itália no início do século passado. 
Chegaram em Ribeirão Preto e aqui se estabeleceram. Carolina teve cinco irmãos e sua infância e adolescência foram vividas no seio de uma família muito dedicada. 
Não passou por privações, sua família tinha um padrão acima da média, sempre estudando em bons colégios e praticamente tinha supridas todas as suas necessidades.
Ainda jovem casou-se com Américo, que era enfermeiro. Dessa maneira, procurou dar continuidade à vida que Carolina levava e assim, tiveram 6 filhos: Wilma, Vanny; Wanda, Vagner, Vera e Valdete.
Carolina também chegou a trabalhar como enfermeira, acompanhando a profissão do marido. Trabalhou inclusive na casa de muitas figuras ilustres de Ribeirão Preto, onde veio a conhecer muitas pessoas e formar um grande círculo de amizades. Ajudar a quem necessitava, sem medir esforços, era sua maior virtude.
Com o passar do tempo, Américo passou a ter alguns problemas de saúde relacionados à parte respiratória. Foi acometido por uma séria tuberculose e por conta disso, foi orientado pelos médicos a não permanecer em ambientes fechados. 
Sua profissão de enfermeiro ficou prejudicada e ele, para prover a manutenção da família, passou a trabalhar como pintor de paredes. Dessa forma, estaria em um ambiente mais apropriado e respiraria um ar mais puro, não tendo a sua saúde desgastada.
Mas como o destino prega algumas peças em nossa vida, as coisas começaram a mudar.  Américo começou a beber e esse acontecimento iria mudar o rumo de tudo. Ele perdeu o emprego e nunca mais se firmou na vida. 
Apesar de beber, Américo não era violento, apenas dava trabalho e não conseguia se firmar em uma profissão. Era um bom homem. A renda familiar, então, diminui consideravelmente.
Mas Carolina, guerreira, não desistia. A necessidade de manter a casa era grande, e como forma de sobrevivência, passou a lavar roupas para fora. Abdicou de si para prover a família de toda necessidade que precisava: cuidar de todos para que nada faltasse em sua casa.
Como se não bastasse tanta dificuldade, seu filho Vagner também enveredou-se pelo caminho da bebida. Era mais um obstáculo que Carolina teve que enfrentar. 
Com o marido e o filho alcoólatras, precisou de muita força e determinação para que as coisas não fossem por água abaixo. Assim ocorreu até 1974, quando uma fatalidade abateu mais uma vez a família de Carolina. 
Américo, seu marido, foi atropelado por um caminhão e infelizmente, veio a falecer; foi uma perda inestimável. Era um momento de grandes mudanças e grandes superações. 
Com a perda do marido, Carolina precisava seguir sua vida; porém, sozinha. Já com 63 anos de idade, ela não esmoreceu. 
Com a indenização recebida pela morte de Américo, conseguiu construir uma casa e assim, dar uma tranquilidade um pouco maior a todos.
Com Vagner, Valdete e Vera ainda morando em sua casa e mais dois netos, Márcia (filha de Valdete) e Valdir (filho de Vagner), a necessidade de trabalhar era cada vez maior.
A atividade de lavar roupas tinha o auxílio de sua filha Valdete e dessa forma, ajudando um e outro, aqui e ali, a vida foi seguindo seu rumo.
Carolina era uma católica fervorosa. Alguns anos após o falecimento de seu marido, veio a se mudar para uma casa próxima à Igreja de Santo Antônio (a qual era devota), no bairro dos Campos Elíseos, tradicional em Ribeirão Preto. 
Nessa casa, ela criou os netos, e passou a morar com sua filha Vera e sua neta Márcia, que foi seu braço direito e a acompanhou até os últimos dias de sua existência. 
Os outros filhos já estavam encaminhados; com exceção do filho Vagner, que ainda bebia, mas não morava mais em sua residência.
Sua vida passou a ser ainda de trabalho e muitas orações. Cuidava da casa e não deixava de frequentar a Igreja. Assim foi; até que no dia 27 de setembro de 1990, já com a saúde debilitada, veio a falecer aos 79 anos em virtude de complicações do sistema respiratório. 
Até os últimos dias de sua vida, Carolina não perdeu a fé e a crença de que nenhum problema ou obstáculo iriam impedir de acreditar na vida. Sua alma era muito iluminada.
Carolina vive em nossa memória e em nossos corações. Ela está mais viva do que nunca. Seus ensinamentos e lições de vida ficarão para sempre. 
Hoje, seu nome é emprestado a uma das ruas de nossa cidade. Uma homenagem mais do que justa àquela que abdicou de si para servir ao próximo.
Parabéns, Vó Carolina, por esse dia. Que daqui a 100 anos seu nome ainda continue ser lembrado com carinho e amor. A estrela voltou ao céu e continuará brilhando eternamente.

22 de agosto de 2011

Nova vida

 
Uma porta e uma janela
Uma mesa quase vazia
Por cima, uma velha toalha
Um copo de café frio
Um pedaço de pão amanhecido
Um cinzeiro cheio
No pequeno e simples casebre
A porta ainda entreaberta
O vento frio que soprava
Balançava as cortinas
Num frenético balé de renda
O fogão de lenha ainda queimando
As cinzas traziam lembranças
De quem por ali passou
Mas vai voltar
O casebre não está vazio
Quem foi, logo ali estará
Esvaziará o cinzeiro
Comerá o pão com o café frio
Jogará as migalhas de pão pela janela
Fechará a porta
Chega a noite
A madrugada avança
O sol aparece
E tudo recomeça
Um novo dia, uma nova vida


15 de agosto de 2011

Queridas mãos




Mãos que trazem a cura
Mãos que acalentam
Embalam o sono de uma criança
Na terra, plantam o bendito fruto
Mãos que suplicam
Mãos que trazem a oferenda
Enxugam uma lágrima
Fazem um carinho
Mãos sofridas
Mãos pálidas
Mãos fortes
Com ternura, tocam o coração
Com bravura, suportam a dor
Mãos, queridas mãos
Que a tantos sofrimentos asistiu
Que a tantas alegrias presenciou
Sejam o fio condutor de minha caminhada
E a testemunha da minha vitória

8 de agosto de 2011

Depende de nós



Um raio de luz
A brisa soprando sobre a relva
A beleza do arco--íris
O brilho do luar
O perfume das flores
Sensações e sentimentos
Momentos vividos
Posso sentir, mas não posso tocar
Posso ver, mas não consigo aprisionar
Mas em mim, posso guardar a sensação para sempre
São momentos únicos
Por mais que eu viva
São instantes que não se repetem
É um eterno ciclo
Tudo se renova
A cada dia, uma nova razão
Ver e sentir
Valorizar cada detalhe
Descobrir o valor em tudo que temos
Mas não os vemos
À nossa frente, o mundo
Tudo o que nele habita
Pode ser muito mais
Depende de nós


1 de agosto de 2011

Um grito de liberdade


Um grito ecoa no silêncio
Um grito de liberdade, um grito de alegria
Tantos caminhos percorridos
Tantas caminhadas em vão
Muitos insucessos
Porém, o entusiasmo é maior
Quantos aprendizados
Quantos ensinamentos
É preciso observar para aprender
É preciso aprender para entender
É preciso entender para conquistar
E a conquista é a chave para o sucesso
Esse grito de alegria é o meu despertar
Deixar para trás o que não me apraz
É impossível esquecer o passado
Ele é o nosso chão
É ele quem dá sentido à nossa vida
E que a muitos caminhos nos leva
Da queda à glória, é a mesma estrada
O rumo certo, somos nós que escolhemos
A hora chegou, a vida sorriu, o grito ecoou