24 de junho de 2008

Sempre criança



Flávio acordou bem cedo. Abriu os olhos lentamente. Era domingo.
Levantou-se, tomou um banho bem quente, pois estava muito frio.
Era inverno.
Escutou sua música preferida, enquanto se trocava ali mesmo no quarto.
Já na cozinha, preparou um café bem forte, pois na noite anterior tinha bebido um pouco a mais do que de costume. Sentou-se à mesa.
Ligou o rádio na expectativa de ouvir as notícias mais recentes. Quando de repente ouviu um barulho no quintal. Como estava sozinho em casa, estranhou o ocorrido e foi até o quintal para ver o que lhe assustara.
Era uma bola que tinha caído em cima da lata de lixo e provavelmente tinha vindo da casa do vizinho do lado esquerdo.
Abriu a porta devagar e para sua surpresa, deparou-se com o filho do vizinho de nome Paulinho tentando pular o muro para pegar a bola.
- Ei, moleque! Cuidado. O que você está fazendo?
- Só quero pegar a bola, Tio...
- Desce daí, que vou chamar sua mãe!
- Tá bom, tá bom...
E Paulinho voltou para sua casa, enquanto Flávio se trocou e dirigiu-se à casa do menino. Parou em frente à casa e tocou a campainha.
- Pois não? Atendeu a porta uma senhora idosa e aparentemente com muito sono.
- A senhora é parente do Paulinho? Perguntou.
- Olha, eu sou a avó dele e não tenho nada com isso. A mãe dele viajou e me deixou aqui tomando conta dele. Se ele fez alguma coisa de errado, espera a minha filha voltar. Não quero confusão! E bateu a porta na cara de Flávio. Triste e irritado, voltou à sua casa e ficou imaginando:
- Na verdade, não aconteceu nada demais, porém o menino deveria ser repreendido.
Curiosamente, num momento de devaneio, veio à sua mente a lembrança de sua infância: Ele, Flávio, com seus dez anos, pulando o muro do vizinho para pegar a pipa que caíra no quintal. Só que naquela oportunidade não tinha consciência do que fazia. Para ele, era normal pular o muro para pegar a pipa.
Ao avistar o vizinho que cuidava do jardim, tentou voltar, mas o vizinho o alcançou e lhe deu uma bela surra. Naquele momento, Flávio percebeu o quanto “doía” uma travessura.
Voltando à realidade, Flávio pensou muito. A infância é uma fase muito importante e que nunca mais volta. Devemos ter boas recordações, meditou.
Mais do que depressa; pegou a bola que ainda estava no quintal, foi até o armário e pegou uma camisa do Palmeiras (sabia que Paulinho era Palmeirense) e se dirigiu até a casa do menino.
Ao tocar a campainha novamente, o próprio Paulinho atendeu:
- Olha Tio, se você veio me bater, eu vou gritar e chamar a minha Vó! Eu não fiz nada!
- Peraí, menino, venha aqui que não vou fazer nada, só quero conversar...
E Paulinho, timidamente abriu a porta e foi ao encontro de Flávio.
- O que você quer, Tio?
Flávio, emocionado, disse:
- Olha, Paulinho, eu já fui menino. Sei o quanto é importante brincar e lutar por aquilo que gostamos. Só se é criança uma vez e sei que você não pulou o muro por maldade.
Aqui está sua bola e também esta camisa.
- Pra mim, Tio? Respondeu emocionado vendo a camisa do Palmeiras.
- É sim. E nunca se esqueça de uma coisa: Quando você crescer, veja em cada criança brincando, a criança que você foi. Perceba que a gente cresce, mas o espírito infantil não morre. Vai ser mais fácil entender a vida.
Mesmo não entendendo muito bem as palavras ditas por Flávio, Paulinho agradeceu e saiu correndo e gritando:
- Vó, Vó! Vem ver o que eu ganhei!!!

5 comentários:

Anônimo disse...

Lindo texto. Acredito que vc. tenha tido uma otima infancia.
Bejos.
Márcia

Pedro Figueiredo disse...

Ainda continua...
Beijos.

Anônimo disse...

Quantas lembranças boas da nossa viagem para São Luiz (Maranhão)..
Beijos.
Márcia

Anônimo disse...

Legal esta história Pedro....
Eu tb tenho algumas, mas não contei para ninguém rsrsrsrrsrsrsrs

Zazá Lee

Pedro Figueiredo disse...

Mas deveria contar!!!!!!!!