Palco da saudade

O som que vinha do lado de fora da casa parecia aumentar gradativamente.
Curioso pela novidade, corri até a janela e deparei-me com uma cena que remeteu-me ao passado. Uma Banda Marcial passava pela minha rua, tocando músicas tradicionais e atrás dela, uma pequena multidão se formava.
Crianças, homens e mulheres. Todos tentavam acompanhar o ritmo frenético do som que vinha dos bumbos, trombones e marimbas.
Enfim, todos os instrumentos que os músicos tocavam em perfeita harmonia.
Eu, mais do que depressa lembrei-me dos tempos de infância na escola.
Depois da aula, ia ao pátio para treinar incessantemente para a apresentação de sete de setembro. Uniforme impecável, minha mãe ajeitando meu cabelo e dizendo: "Faça tudo direitinho".
Para mim, aquele momento era único. Era como se eu fosse um grande artista, apresentando-me em um imenso palco.
Ficava muito orgulhoso ao ver admiração das pessoas ao passarmos com a Banda da escola. Éramos os protagonistas do glorioso espetáculo.
Mas como tudo passa, esse momento passou. Mas ficaram as lembranças de instantes que jamais irão ser apagados.
Foram experiências vividas que ficaram em minha lembrança. De importante protagonista, passei a mero espectador.
Hoje, ao assistir ao festivo desfile, percebo que muita coisa mudou.
Ouço a música e a Banda passa. Menos a saudade.