Eternas lembranças

Tic, tac, tic, tac. Avisa o relógio na parede.
Mesmo que eu não quisesse, o Sol teimou em me acordar. Através da pequena janela, entre nuvens, pude ver o brilho de luz que agora tomava conta do meu pequeno quarto.
Ao levantar-me, senti que o mesmo Sol que me despertou, agora dava lugar às pesadas nuvens de uma chuva que se prenunciava.
Pouco a pouco, o barulho das gotas que caíam ia crescendo e quando me dei conta, o temporal já havia se formado. Trovoadas e relâmpagos, junto com o vento que fazia bater as janelas, traziam uma certa sensação de medo e impotência.
Não poderia fazer outra coisa senão esperar. Enquanto a chuva caía; eu, do lado de dentro, observava as gotas mansamente se agrupando na janela.
À minha mente, veio uma sensação de que o tempo pode ser breve ou longo, dependendo de como encaramos nossa realidade.
As pequenas gotas que ali se juntavam, tinham para cada qual, sua eternidade. O tempo que ficavam juntas, sem saber que dali a alguns instantes tudo se tornaria parte do passado. Eu e a janela, cúmplices de um instante tão breve.
Sabíamos que outras gotas viriam; mas aquelas, naquele momento, jamais seríamos capazes de presenciar novamente momento tão único.
Mas como tudo na vida passa, a chuva também passou. O Sol reapareceu e trouxe consigo o calor, a vida e alegria que a todos contemplava.
Mas não me saíam da mente aquelas gotinhas de chuva na janela. Onde estariam? Naturalmente, o único lugar onde poderiam continuar vivendo é nas minhas lembranças.
Da mesma forma; as boas lembranças da vida devem ser guardadas e cultivadas, como se tivéssemos o poder de eternizá-las.
Recordações? Somente as boas sensações e momentos de alegria.
O temporal passou, mas as gotas ficaram.